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A questão da causalidade permeia os fundamentos das ciências. Em particular, a questão da causalidade psíquica subjaz os fundamentos das diversas abordagens da psicologia atual, ainda que não seja explicitada ou mesmo reconhecida. Recorrer a essa temática pode ajudar a esclarecer questões de cunho epistemológico que delineiam a psicologia científica. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é apresentar a concepção de causalidade psíquica presente na obra de Edith Stein (1891-1942), Causalidade Psíquica (2010). Foi utilizado o método de investigação histórica. A autora apresentara críticas à psicologia experimental emergente, que se submetia ao reducionismo psicologista e naturalista ao separar-se da filosofia. Edith Stein defendeu a possibilidade de uma psicologia científica sustentada pela definição (fenomenológica) de pessoa humana. Sua compreensão acerca da causalidade psíquica enquadra a distinção entre as vivências imanentes e as vivências intencionais do fluxo de consciência. Stein diferencia o âmbito dos acontecimentos causais determinísticos daqueles âmbitos das relações de motivação que não são submetidas a conexões deterministas. Conclui-se que somente uma elaboração filosófica rigorosa dos diversos tipos de legalidade às quais o fenômeno psíquico está submetido pode fornecer à Psicologia uma fundamentação válida e autonomia no diálogo com as demais ciências naturais ou culturais.
The question of causality pervades the foundations of science. In particular, the question of psychic causality underlies the foundations of the various approaches of present psychology, although it is not explicit or even recognized. Resort to the theme can help to clarify epistemological issues that delineate scientific psychology. In this sense, the objective of the work is to present the conception of psychic causality present in the work of Edith Stein (1891-1942), Psychic Causality (2010). The method of historical investigation was used. The author criticized the emergent experimental psychology, which underwent psychologistic and naturalistic reductionism by separating itself from philosophy. Edith Stein defended the possibility of a scientific psychology sustained by the (phenomenological) definition of the human person. Her understanding of psychic causality fits the distinction between the immanent lived experiences and the intentional lived experiences of the flow of consciousness. Stein differentiates the scope of deterministic causal events from those scopes of motivational relations that are not subjected to deterministic connections. It is concluded that only a rigorous philosophical elaboration of the different types of legality to which the psychic phenomenon is submitted can provide to Psychology a valid foundation and autonomy in the dialogue with the other natural or cultural sciences.