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Este artigo analisa as cartas trocadas pelo bispo católico Agostinho de Hipona e o pagão Nectário de Calama por ocasião dos distúrbios ocorridos em junho de 408. O enfoque do trabalho é perceber as estratégias retóricas usadas pelos correspondentes a fim de demarcar suas respectivas posições diante do conflito. Do lado pagão, Nectário se esforça para defender seus correligionários e poupá-los das punições previstas na lei; do lado cristão, Agostinho procura justificar a disciplina dos culpados, tentando mostrar que elas estão de acordo com a caridade cristã. A correspondência revela o ambiente de conflito entre cristãos e pagãos no início do século V, no qual o cristianismo considerado ortodoxo conta com o apoio do poder Imperial, enquanto os grupos dissidentes se encontram em desvantagem e precisam fazer uso de diversas táticas que visam afirmar sua identidade e resistir ao predomínio católico.