Description:
O artigo analisa a interpretação de Pascal do conceito de religião e a configuração anárquica do cristianismo presente em sua obra Pensées. À luz de conceitos centrais na obra pascaliana, tais como equivocidade, desproporção e contingência, e do seu diálogo com o pensamento de Descartes e Montaigne, o artigo apresenta a rejeição pascaliana dos conceitos de natureza , interioridade e princípio, fundamentais na elaboração de certo vocabulário filosófico/teológico e místico. Argumentamos que o diálogo de Pascal com o ceticismo e o racionalismo ofereceu uma propedêutica ao seu pensamento religioso e articulou uma gramática filosófico religiosa resistente a a) um vocabulário místico com raízes neoplatônicas, b) uma filosofia panteísta da natureza e c) ao gesto ontoteológico que deu à luz ao que Pascal chamou de deus dos filósofos.